POBRE
HOMEM RICO
6o
domingo Tempo Comum
Lucas
6, 17 . 20-26
de
Emílio Carlos
NARRADOR
– Era uma vez um homem muito rico chamado Jonas que vivia
numa
pequena cidade.
(Jonas
entra todo garboso e vai para trás da mesa de seu escritório).
NARRADOR
– Muitos moradores da cidade deviam dinheiro a esse homem.
(entra
uma velhinha com um saquinho de moedas e vai até a mesa).
NARRADOR
– E ele tomava tudo dos pobres sem dó.
VELHINHA
– Seu Jonas: eu vim pagar a minha dívida.
(Jonas
toma o dinheiro da mão da velhinha bruscamente)
JONAS
– Hum!... (abre o saquinho) Só isso? Onde está o resto?
VELHINHA
– É tudo que eu tenho, senhor.
JONAS
– Mas a senhora me deve muito mais.
VELHINHA
- Eu vou pagar, seu Jonas. Me dê mais um tempo.
JONAS
– Seu tempo acabou. Vou mandar buscar todos os móveis da sua casa
para
pagar a dívida.
VELHINHA
– (chora) Oh não, seu Jonas! Por favor!
JONAS
– Hoje a tarde irei buscar seus móveis. Agora saia daqui!
VELHINHA
– (sai chorando) Oh não! O que será de mim! Oh não!
NARRADOR
– Que homem malvado!
JONAS
– Vou ganhar um bom dinheiro vendendo os móveis dessa velha. (ri)
(entra
um senhor de muletas)
SENHOR
– Olá, seu Jonas! Vim pagar minha dívida. (entrega outro saquinho
de
moedas)
(Jonas
pega o saquinho de moedas e confere o dinheiro).
JONAS
– O quê? Só isso? Você me deve muito mais!
SENHOR
– Mas eu quebrei a perna, seu Jonas. Não tenho como trabalhar
agora.
JONAS
– Há sempre uma desculpa para não se pagar a dívida, não é?
Pois vou
tomar
sua casa para pagar a dívida.
SENHOR
– (atemorizado) Ma-mas seu Jonas: onde eu vou morar com minha
família?
JONAS
– Na rua. Que tal? (ri)
SENHOR
– O senhor é muito cruel! (sai chorando) Muito cruel!
(Jonas
guarda o dinheiro no cofre).
NARRADOR
– Jesus disse: bem-aventurados os pobres, porque deles é o Reino
dos
Céus. Mas ai de vós ricos, porque vireis a ter fome.
JONAS
– Bom: hora do almoço. João: pode trazer o prato!
(João,
o empregado, entra com um prato de comida e talheres em uma
bandeja.
Depois sai de cena).
JONAS
– Agora é hora de me fartar às custas dos pobres. (ri e começa a
comer.
De
repente começa a ter dor de estômago). Ai! Ai! Ai!
(Jonas
se contorce de dor e chama o empregado).
JONAS
– João ! João!
JOÃO
– (entra) Sim senhor!
JONAS
– Chame o médico! Rápido!
JOÃO
– Sim senhor! (sai)
(Jonas
continua se contorcendo de dor).
NARRADOR
– Tanto dinheiro, tanta maldade, e ele não consegue nem comer.
MÉDICO
– (entra) O que aconteceu, seu Jonas?
JONAS
– Uma dor! Uma dor profunda no estômago! Ai!
MÉDICO
– Deixe-me examiná-lo, seu Jonas.
NARRADOR
– O médico examinou e examinou seu Jonas. Examinou bem
direitinho
mesmo. E chegou a uma terrível conclusão.
MÉDICO
– O senhor tem uma doença muito grave, seu Jonas. Devia ter me
chamado
antes.
JONAS
– Pra quê? Pra gastar meu dinheiro com médico?
MÉDICO
– Infelizmente agora é tarde.
JONAS
– Seu idiota: eu tenho dinheiro e posso pagar. Diga quanto você
quer! Eu
tenho
dinheiro!
MÉDICO
– Não há nada que eu possa fazer, seu Jonas.
JONAS
– Que droga! Estou com fome e não posso comer nada! Que dor! Ai!
MÉDICO
– Seu Jonas: o seu caso nenhum médico da Terra pode curar. O
senhor
agora
está nas mãos de Deus. (sai)
JONAS
– Volte aqui! Eu pago dobrado! Eu tenho dinheiro! Volte aqui! Ai!
(cai
com
dor)
NARRADOR
– Pobre homem rico. Agora seu dinheiro não servia para nada. Ele
estava
com uma doença muito grave e nem os médicos podiam curá-lo. De
que
valia todo dinheiro que ele tinha agora? Sozinho, com dor, seu Jonas
pensou
no que o médico havia dito: “o senhor está nas mãos de Deus”.
Então,
com
muita dor, seu Jonas se ajoelhou. Já fazia muito tempo que ele não
rezava.
Mas
agora tinha resolvido falar com Deus.
JONAS
– Senhor: eu sei que eu nunca rezo. Sei que eu nunca falo com o
senhor.
Sei que tenho sido mal, mas... estou arrependido. (geme de dor) Ai!
Piedade,
Senhor! Se o Senhor me deixar viver prometo que mudo de vida! Ai!
Piedade,
Senhor! Ai! (cai com muita dor).
NARRADOR
– O homem desmaiou de dor. E dormiu até o outro dia. Então,
quando
acordou, viu que não tinha mais dores. Sentia-se bem.
JONAS
– (apalpa o estômago) É... é um milagre! Eu não sinto mais
dores! Estou
me
sentindo bem! (olha para o céu) Obrigado, Senhor! João! João!
JOÃO
– (entra) Sim, senhor!
JONAS
– Vá chamar o médico! Rápido!
JOÃO
– Sim, senhor!(sai)
NARRADOR
– Era como se ele tivesse nascido de novo. Sentia-se curado.
Sentia-se
bem. Mais que isso: sentia-se bem com Deus.
MÉDICO
– (entra) Seu Jonas... eu já lhe disse... eu não tenho o que
fazer para
ajudar…
JONAS
– Me examine, doutor.
MÉDICO
– Já examinei, seu Jonas. O senhor tem pouco tempo de vida.
JONAS
– Ah, é? Pois então examine de novo.
MÉDICO
– Se o senhor insiste…
JONAS
– Insisto. E até pago outra consulta. Vamos lá!
MÉDICO
– Está certo, então... (examina seu Jonas)
NARRADOR
– O médico examinou seu Jonas. E se espantou.
MÉDICO
– Ué. Mas... deixe-me ver de novo.
NARRADOR
– O médico examinou seu Jonas mais uma vez pra ter certeza.
MÉDICO
– Mas... não é possível!
JONAS
– O que não é possível, doutor?
MÉDICO
– O senhor... está curado!…
JONAS
– Eu sei disso.
MÉDICO
– Mas não pode ser!
JONAS
– Mas é, doutor. Pode acreditar.
MÉDICO
– Isso só pode ser um milagre!
JONAS
– E é apenas o começo: João! Ô João!
JOÃO
– (entra) Sim, senhor!
JONAS
– Chame a velhinha de ontem e o senhor de muletas.
JOÃO
– Sim, senhor! (sai)
MÉDICO
– Acho que o senhor não está pronto para tanta agitação.
JONAS
– Bobagem. Eu estou curado, doutor. Fique tranquilo aí mesmo e
assista.
JOÃO
– (volta com as 2 pessoas) Pronto, seu Jonas!
(Entram
a velhinha e o senhor de muletas)
JONAS
– Ah! Aí estão vocês!
VELHINHA
– Me dê mais uma chance, seu Jonas.
SENHOR
– É. Nos dê mais uma chande para pagar as dívidas.
JONAS
– (pega o caderninho com as anotações de contas) Não, eu não
vou dar
uma
chance pra vocês não.
VELHINHA
– Estamos perdidos!
SENHOR
– Meu Deus!
JONAS
– Porque vocês não me devem mais nada. (arranca as folhas do
caderno
e
joga para o alto).
SENHOR
– Como é que é?
JONAS
– É isso mesmo! Vocês não me devem mais nada!
VELHINHA
– Oh, viva!
SENHOR
– Viva!
(os
dois abraçam seu Jonas)
JOÃO
– Ele está ficando louco, doutor?
JONAS
– Não, eu não estou louco não. João: chame todos os pobres da
rua.
JOÃO
– Os... pobres, seu Jonas?
JONAS
– É, os pobres. Hoje todos vão comer comigo, na minha mesa!
JOÃO
– Tem certeza, seu Jonas?
JONAS
– Vamos logo, João!
JOÃO
– Sim, senhor! (sai)
MÉDICO
– Ele está ficando louco mesmo!
JONAS
– Não, eu não estou louco não. Nunca estive tão bem como hoje.
É que
só
agora entendi o que Jesus quis dizer. Só agora, doutor.
(Enquanto
o Narrador fala João volta com os pobres que vão entrando
receosos.
Jonas os recebe e os coloca à mesa para comer).
NARRADOR
– “Bem-aventurados vós que tem fome, porque sereis saciados.
Bem-aventurados
vós que chorais, porque sereis consolados”.
JONAS
– Isso, sentem-se! Acomodem-se! A comida já vem vindo.
NARRADOR
– Todos nós precisamos aprender a repartir o que temos com quem
precisa.
Precisamos fazer nossa parte para termos uma sociedade mais
fraterna,
mais justa. O homem que ajunta riquezas na Terra fica sem nada no
céu.
Então vamos partilhar o que temos com nossos irmãos, hoje e sempre.
(Música
e Fim)
PERSONAGENS
-
Narrador
-
Seu Jonas
-
Velhinha
-
Senhor de muletas
-
João
-
Médico
-
Pobres
CENÁRIO
– Mesa
– Cofre
– bancos
ou cadeiras
MATERIAL
DE CENA
-
2 saquinhos com dinheiro
-
moedas
-
prato + talheres + bandeja
-
maleta do médico
-
estetoscópio
-
caderninho com dívidas
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